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Por que não basta fazer o Projeto Cofrinho?

Por Carolina Ligocki

Estimativa de leitura: 3min 11seg

2 de outubro de 2020

Você já se empolgou reunindo moedinhas para depois de algum tempo, conseguir realizar um objetivo? Fazer um cofrinho é um processo motivante e cheio de aprendizados, e é bastante comum encontrarmos esta prática nos chamados “projetos cofrinhos” feito em escolas pelo Brasil afora.

Apesar de ser uma forma de introduzir práticas financeiras fundamentais, como: definir objetivos, aprender a esperar, perceber o poder do pouquinho, conhecer o Real, somar, realizar… temos percebido que são necessários cuidados para não estimular o consumismo e desenvolver alguns hábitos prejudiciais em relação ao uso do dinheiro. Quem dera que apenas aprender a guardar, que é um dos objetivos do cofrinho, fosse o suficiente para ter uma boa vida financeira!

Construir comportamentos financeiros proativos e saudáveis exige ações mais amplas e estratégicas. No Brasil, temos um histórico bastante ruim de resultados financeiros da população que geram desigualdade social e prejudicam a qualidade de vida de muitas famílias. Segundo dados de julho/2020 da Confederação Nacional do Comércio, 67,4% das famílias têm dívidas de consumo, sem levar em consideração os financiamentos imobiliários. E o pior, independentemente da faixa de renda, o que mostra que não é apenas uma questão de ter acesso ao dinheiro, isto significa que, distribuir dinheiro igualmente para as pessoas, poderia não resolver o problema. É por isso que muitos países têm programas nacionais de Educação Financeira, inclusive o Brasil, que desde 2010 tem a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira), e agora tornou obrigatório nas escolas por meio da BNCC. Para resolver toda essa complexidade de problemas sociais causados pelo mau uso do dinheiro, se faz necessário programas de educação financeira mais amplos, focados em diversas e diferentes habilidades.

Esse é um dos motivos que tem nos feito trabalhar, pesquisar e testar estratégias pedagógicas nos últimos anos, desde que lançamos o Programa Oficina das Finanças na Escola em 2013. Entendemos que a educação financeira precisava ser mais completa e melhor estruturada para trabalhar os comportamentos, para contribuir e melhorar os resultados sociais e ambientais do Brasil. A partir das escolas, é possível gerar um impacto rápido e positivo na comunidade ao ajudar os alunos e, também, os educadores e as famílias.

As escolas que já fazem algum trabalho de educação financeira, como o projeto cofrinho, são muito especiais, pois já percebem a relevância do tema e, de alguma forma, desenvolvem ações com a proatividade e a criatividade de seus educadores. Entretanto, é necessário ir além, pois os desafios das “entrelinhas” do assunto dinheiro, os bloqueios comportamentais e a intensidade dos estímulos sociais de consumo também precisam ser considerados. Os pré-conceitos familiares, religiosos e culturais impactam os comportamentos, e confirmamos, na prática diária, tudo o que as Ciências Comportamentais estão descobrindo sobre a racionalidade humana. As nossas emoções falam mais alto em aproximadamente 95% das decisões, mas sabemos que é possível realizar intervenções estratégicas no design dos ambientes, nas nossas ferramentas de trabalho e lazer, e criar estímulos para que consigamos tomar melhores decisões para ser quem queremos ser e ter a vida que desejamos.

Para mobilizar ações e mudar comportamentos, é necessário ir muito além da matemática e do guardar o dinheiro para realizar objetivos, precisamos de várias outras habilidades e, também, perceber os malefícios que o descontrole financeiro e o mau uso do dinheiro geram na família, na sociedade e no meio ambiente, além de despertar o desejo de mudar essa realidade. Se você é sensível a esta causa e deseja impactar positivamente a vida de mais pessoas, venha conosco para fazer esta transformAÇÃO.

 

Carolina Ligocki

Carolina Ligocki, autora e diretora da Oficina das Finanças. Nasceu em 1974. É bióloga, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, autora e empresária. Atua, juntamente com o marido, Leonardo Silva, desde 1999, no desenvolvimento do método dos 6Gs, que estimula comportamentos financeiros sustentáveis, na Oficina das Finanças. Uma de suas paixões é impactar positivamente a vida das pessoas com conteúdos e estratégias inovadoras a respeito desse assunto. É autora de mais de doze livros de educação financeira comportamental para crianças, jovens e adultos, e que já atingem mais 100.000 pessoas em todo o Brasil.

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