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Por que educação financeira deve ser ensinada na escola?

Por Carolina Ligocki

Estimativa de leitura: 3min 10seg

16 de julho de 2020

Você já parou para pensar em quantas decisões toma por dia que envolvem dinheiro? Em quantas áreas da sua vida o dinheiro está presente: alimentação, saúde, moradia, transporte, educação, estética, lazer…? E, ainda, quanto tempo se dedicou a aprender sobre como usar melhor o dinheiro? Para a maior parte das pessoas estas reflexões levam à seguinte conclusão: o dinheiro faz parte de MUITAS áreas da minha vida, uso o tempo todo e eu ainda não me dediquei a aprender sobre ele. Isso explica a desigualdade de renda, pobreza e o ENORME desafio financeiro que as pessoas enfrentam para conciliar desejos e necessidades ao longo da vida, fazer reservas para saúde, e ainda construir condições para uma aposentadoria com qualidade e tranquilidade.

Os estudos comportamentais estimam que, diariamente, uma pessoa toma aproximadamente 35.000 decisões, e sem dúvida, muitas delas têm impactos no bolso. Por exemplo: no banho, se ele for rápido ou mais longo, a quantidade de produtos utilizados, se for com água fria ou quente e a forma usada para aquecer essa água, geram diferentes custos. E, quando paramos para pensar, isso acontece constantemente, pois, por mais que a gente não esteja comprando coisas o tempo todo, estamos usando coisas o tempo todo.

Aprender a usar melhor o dinheiro pode contribuir para que essas decisões do dia a dia estejam mais alinhadas com o que você valoriza e tem condições de realizar. Não se trata apenas de matemática, de investimentos, de calcular juros, trata-se de comer, dormir, viajar, passear, aprender, cuidar de você e das pessoas ao seu redor. Porque o dinheiro é apenas um dos recursos que temos à nossa disposição, mas ele está por trás de muitas ações e hábitos que fomos desenvolvendo ao longo do tempo.

Quando temos a oportunidade de aprender essa “linguagem” do dinheiro, temos condições de usar melhor esse recurso e tomar decisões éticas levando em consideração aspectos pessoais, sociais e ambientais. E, como são questões COMPORTAMENTAIS que passam por autoconhecimento, autoeficácia, disciplina e perspectiva temporal, quanto mais cedo começarmos os aprendizados, melhor.

Os impactos do mau uso do dinheiro afetam a vida pessoal e familiar, um estudo Employee Wellness Survey, de 2019, feito pela consultoria e auditoria PwC “mostrou que para 59% dos trabalhadores as finanças pessoais são a principal fonte de suas preocupações, superando o emprego (15%), relacionamentos (10%) e saúde (4%).” Além disso, um estudo realizado pelo Isma-Br em 2018, “mostrou que 56% dos entrevistados usavam bebidas alcoólicas para evitar pensar sobre as dívidas; 53% tomavam medicamentos e drogas para fugir do problema; e 35% descontavam a tensão em junkie food.” Então, desenvolver a educação financeira gera impactos positivos em vários aspectos para a qualidade de vida.

Ainda se considerarmos os problemas sociais como a corrupção, a violência, o trabalho escravo, a exploração sexual e a destruição ambiental, enxergamos facilmente questões econômicas por trás de cada um deles. É fundamental ter a perspectiva de que o investimento em educação financeira nas escolas permite contribuir com melhorias em pelo menos 6 dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU: erradicação da pobreza, saúde e bem estar, educação de qualidade, trabalho decente e crescimento econômico, redução das desigualdades, e consumo e produção responsáveis.

O trabalho de educação financeira feito a partir das escolas atinge educadores, estudantes e as famílias e é capaz de impactar com enorme capilaridade e agilidade a sociedade. As escolas pioneiras, sem dúvida, já estão entregando ao mundo cidadãos melhor preparados para viver e atuar de forma responsável e colaborativa neste mundo em constante transformação.

Carolina Ligocki

Carolina Ligocki, autora e diretora da Oficina das Finanças. Nasceu em 1974. É bióloga, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, autora e empresária. Atua, juntamente com o marido, Leonardo Silva, desde 1999, no desenvolvimento do método dos 6Gs, que estimula comportamentos financeiros sustentáveis, na Oficina das Finanças. Uma de suas paixões é impactar positivamente a vida das pessoas com conteúdos e estratégias inovadoras a respeito desse assunto. É autora de mais de doze livros de educação financeira comportamental para crianças, jovens e adultos, e que já atingem mais 100.000 pessoas em todo o Brasil.

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