No dia 12 de outubro celebramos o Dia das Crianças, aquelas que, na literatura, no teatro ou no brincar, têm a imaginação como fiel aliada na criação de mundos fantásticos! Sem a capacidade imaginativa, o ser humano não seria capaz de lidar com o desconhecido, também não poderia imaginar soluções para os problemas inesperados.
Na Educação Infantil, as crianças desenvolvem a capacidade de imaginar e a curiosidade, começando a entender o mundo ao seu redor. Justamente por isso, desenvolver e exercitar a imaginação é muito importante nessa fase.
O extraordinário mundo das coisas
Pedras que viram ônibus, flores caídas compondo um banquete, sapatos que modificam uma pessoa, libélulas transformadas em heroínas, roupas tiradas do guarda-roupa para se vestir como os pais, nuvem que abre portal, uma palavra pronta para acender ou incendiar um mundo…
Para adentrar o território da imaginação, no entanto, basta estar acordado, abrir um livro, sentar-se no escuro de um teatro. Também se pode fabular brincadeiras e histórias em algum canto do quintal. O terreno das brincadeiras simbólicas ou do brincar de faz de conta é um lugar fértil, onde são desnecessários brinquedos, já que qualquer coisa pode virar tudo e mais um pouco.
O universo do faz de conta
O escritor, teórico e educador italiano Gianni Rodari (1920-1980), considerado por muitos o pai da fantasia, ensinava que “de um lapso pode nascer uma história”. Mas não só errando (ou tropeçando) como também fazendo misturas incomuns ou, ao menos, pouco usuais.
“O que as crianças nos ensinam – e Rodari se serve muito bem disto – é que, na maior parte das vezes, as imagens mais criativas, engraçadas ou inteligentes são frutos de um encontro inusitado, improvável ou até mesmo pouco recomendável.”, explica Estevão Azevedo, escritor e editor da FTD Educação.
Uma falha na digitação pode criar um novo país a ser povoado pela imaginação infantil, um estranhamento entre duas ideias, dois lugares ou duas outras palavras libertas de seu significado cotidiano abrem caminhos para a fantasia, o “sonho de olhos abertos”. “Ou seja: o ‘erro’ ou o disparate não deve ser evitado, deve ser aproveitado. É daí que surge a invenção”, completa Estevão.
Vestir outras peles
Nas brincadeiras de faz de conta, assim como nas histórias dos livros, as crianças experimentam calçar outros sapatos, novos ou velhos, e também aqueles que sobram em tamanho nos pés. “Vestir roupas diferentes, imaginar um lugar, uma vida, descobrir novos gestos”, dizia Rodari. O escritor, inclusive, sugeria que toda casa tivesse um cesto com roupas e apetrechos disponíveis aos jogos fabulares infantis.
E como a imaginação não tem fim, deixamos uma pergunta, feita há tempos por Rodari, para exercitar com as crianças a imaginação:
O QUE ACONTECERIA SE UM CROCODILO BATESSE À SUA PORTA PEDINDO UM POUCO DE ALECRIM?
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Texto original escrito por GABRIELA ROMEU.