Professor

Contribuições para o fortalecimento da economia de comunhão – Irmã Maria Inês

Por FTD Educação

Estimativa de leitura: 18min 31seg

1 de julho de 2021

I INTRODUÇÃO 

Refletiremos sobre o tema a partir da espiritualidade da unidade, do Movimento dos Focolares, cujas experiências concretas datam de 1991, quando nasceu no seio do movimento a Economia de Comunhão, sendo, inclusive, uma das organizadoras internacionais do movimento global Economia de Francisco, nascido em 2018, a partir de uma convocatória global do Papa Francisco dirigida a jovens, economistas, lideranças empresariais, políticas e intelectuais para a construção de um sistema econômico mais justo, inclusivo e regenerativo. 

O Papa Francisco articula sua convocatória global em torno de dois eixos: 

  •  propósito interior: a que chamado respondemos para mudar o mundo; 
  •  mudança sistêmica: convoca-nos à celebração de um pacto global, mobilizador de mudanças culturais, protagonizado por pessoas portadoras de vocações genuínas e autênticas, comprometidas em mudar o mundo. 

Ele convoca o mundo, fala para todos, de todos os credos, convicções políticas e religiosas. As Encíclicas Laudato Si’ e Fratelli Tutti fundamentam essas falas mobilizadoras. 

II CONTEXTUALIZAÇÃO 

Para o Carisma da Unidade, que marca a espiritualidade do Movimento dos Focolares, todas as pessoas, o cosmos, a natureza formam uma totalidade interconectada e indissolúvel, mesmo se permeada pela diversidade, pela pluralidade e pela individualidade. O que nos une é esse vínculo global e cosmológico. É o que nos faz comuns, habitantes da casa comum; nas palavras do Papa Francisco, “Tudo está interligado.” Todos desejam viver em harmonia plena. Nesse sentido, o Carisma da Unidade se constitui, no contexto das grandes guerras e disputas ideológicas, resgatando da tradição cristã a cultura do diálogo, da equidade, do cuidado e da cooperação, com o objetivo de restaurar a unidade no mundo, no mais absoluto respeito às diversidades e pluralidades. O mundo vivido, sentido e compreendido como uma única comunidade global

III CONTRIBUIÇÕES PARA O FORTALECIMENTO DA ECONOMIA DE COMUNHÃO 

A partir dessa espiritualidade e desse carisma, em 1991, no Brasil, nasceu a Economia de Comunhão, um movimento cultural e econômico que busca articular e mobilizar pessoas e organizações para a causa da redução da pobreza e das desigualdades sociais, convocando-as a construir um sistema econômico mais justo, inclusivo e regenerativo. Realiza isso articulando sua atuação ao redor de três pilares: 

  • incentivo ao empreendedorismo com propósito de gerar impacto social; 
  • superação de vulnerabilidades socioeconômicas; 
  • mudança cultural. 

A Economia de Comunhão parte do princípio de que é preciso mudar a cultura econômica, permeando-a de valores, como a busca de equidade em todas as suas dimensões, prosperidade compartilhada, inovação social e compromisso com soluções. Esse processo deve ser protagonizado por pessoas e por organizações. 

Concretamente, como podemos fazer parte da Economia de Comunhão? Como nossas escolas e comunidades pedagógicas podem contribuir para o crescimento e a difusão dessa nova cultura econômica? 

Podemos, juntos, realizar o percurso proposto para organizações e pessoas que desejam protagonizar uma Economia de Comunhão. Vejamos! 

PRIMEIRO PASSO: O que é ser uma organização da Economia de Comunhão? 

1. São consideradas organizações da Economia de Comunhão empresas, estruturas formais com personalidade jurídica, movimentos e estruturas informais que escolhem, conscientemente, atuar e viver pela redução da pobreza e das desigualdades, assumindo um compromisso com essa causa, a qual passa a integrar um dos objetivos centrais da organização. 

2. As organizações Economia de Comunhão comprometem-se a trabalhar pelos seguintes objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS): erradicação da pobreza, redução das desigualdades, trabalho digno e crescimento econômico, parcerias e meios de implementação. 

3. As organizações Economia de Comunhão adotam uma gestão interna pautada em uma cultura de cuidado, equidade, cooperação e diálogo, centrada nas pessoas e nas relações, fundamentada em valores organizacionais. 

4. As organizações Economia de Comunhão atuam comprometidas em gerar triplo impacto: social, ambiental e financeiro, comprometendo-se a medir o impacto que geram através da difusão da cultura de equidade, do cuidado, da cooperação e do diálogo.          

SEGUNDO PASSO 

Ao decidirem tornar-se uma organização Economia de Comunhão, seus dirigentes e colaboradores são convidados a adotar os seguintes pressupostos éticos: 

1. consciência sistêmica – fazemos parte de uma única comunidade global; 

2. consciência pessoal – somos privilegiados e privilegiadas em acesso a recursos e bens materiais, por isso queremos fazer algo para melhorar com recursos, saúde, tempo e/ou conhecimento; 

3. consciência social – ao nosso lado, identificamos pessoas, iguais a nós, pertencentes a esta comunidade global, em estado de profunda vulnerabilidade; 

4. vocação – somos chamados a sermos agentes de transformação na causa da redução da pobreza e das desigualdades; 

5. ação – decidimos compartilhar nossos recursos (dinheiro, capacidades, ideias, tempo e trabalho) para gerar mais recursos e compartilhar, diminuindo as dimensões da pobreza dessas pessoas e comunidades que reconhecemos como nossas. 

Esses dois passos poderão gerar uma cultura organizacional e pedagógica de Economia de Comunhão, envolvendo os professores, colaboradores, gestores e alunos em um processo de lenta, decisiva e profunda mudança sistêmica. 

TERCEIRO PASSO 

Para que esses propósitos tornem-se sistemas institucionais concretos, para realizar o comprometimento com a causa da redução da pobreza, a organização deve assumir alguma das seguintes diretrizes: 

1criar oportunidades de trabalho específicas para pessoas em situação de vulnerabilidade; 

2criar canais de receitas (produtos ou serviços) destinadas a gerar recursos para serem compartilhados com pessoas ou grupos vulnerabilizados de forma contínua e recorrente; 

3fornecer serviços e/ou produtos a custo acessível para pessoas e comunidades vulnerabilizadas, tais como bolsas de estudos, descontos especiais, etc.; 

4. destinar recursos, auferidos livremente, independentemente da existência de lucro ou prejuízos, para viabilizar iniciativas e/ou projetos comprometidos com a redução da pobreza na comunidade de seu entorno e/ou gerenciados por organizações da sociedade civil. 

As escolas e comunidades pedagógicas podem escolher quais das diretrizes adotar, em conformidade com seu contexto, assumindo um compromisso concreto com a construção de uma sociedade com maior equidade e acesso à educação das pessoas menos favorecidas. 

Não obstante esses importantes passos concretos, entendemos que a principal contribuição que pode ser oferecida pelas escolas e comunidades pedagógicas é a formação educacional de seus alunos, alunas, colaboradores, professores e equipes de gestão para uma cultura de equidade, de diálogo, de cooperação e de cuidado, através da oferta de jornadas de florescimento humano e educação empreendedora a partir dessa nova perspectiva cultural. 

O empreendedorismo é o ato de tomar a própria vida em mãos, colocando-a a serviço do mundo. Todos somos chamados a fazer isso, e a Economia de Comunhão pode ser uma ferramenta potente para nos auxiliar nessa causa. 

A pedagogia por uma Economia de Comunhão é uma pedagogia por um mundo melhor. Dentro da perspectiva desses movimentos econômicos e culturais, Economia de Comunhão e Economia de Francisco, emerge uma nova visão da pessoa, das relações e da vida humana, fundamentada em uma Ecologia Integral. 

São novas formas de compreender e viver, que requerem de nós um trabalho que envolve mente, coração e mãos, nas palavras do Papa Francisco. 

Ir. Maria Inês Vieira Ribeiro, mad 

Brasília, 9 de junho de 2021. 

Colaboração na preparação do texto: Maria Helena Ferreira Fonseca Faller 

ANPECOM – Associação Nacional por uma Economia de Comunhão 

Obs.: essa associação pode nos apoiar concretamente nessa jornada de crescimento e expansão educacional e cultural, auxiliando, inclusive, na criação de processos educacionais de empreendedorismo no interior de nossas grades curriculares. 

___________________________________________________________________________ 

CONTRIBUCIONES AL FORTALECIMIENTO DE LA ECONOMÍA DE COMUNIÓN 

I. INTRODUCCIÓN 

Reflexionaremos sobre el tema desde la espiritualidad de la unidad del Movimiento de los Focolares, cuyas experiencias concretas se remontan a 1991, cuando nació la Economía de Comunión en el seno del movimiento. También es uno de los organizadores internacionales del movimiento global La Economía de Francisco, nacido en 2018 a partir de un llamado global del Papa Francisco dirigido a jóvenes, economistas, empresarios, políticos e intelectuales para construir un sistema económico más justo, inclusivo y regenerativo. 

El Papa Francisco articula su convocatoria global en torno a dos ejes: 

● propósito interior (¿a qué llamamiento respondemos para cambiar el mundo?) 

● cambio sistémico. Nos invita a celebrar un pacto global que movilice cambios culturales, liderados por personas con vocación genuina y auténtica, comprometidas con el cambio del mundo. 

Convoca al mundo, habla a todos, de todos los credos, convicciones políticas y religiosas. Las encíclicas Laudato Sí y Fratelli Tutti son la base de estos discursos movilizadores.  

II. CONTEXTUALIZACIÓN 

Para el Carisma de la Unidad, que marca la espiritualidad del Movimiento de los Focolares, todas las personas, el cosmos y la naturaleza forman una totalidad interconectada e indisoluble, aunque impregnada de diversidad, pluralidad e individualidad. Lo que nos une es este vínculo global y cosmológico. Es lo que nos hace comunes, habitantes de la casa común, en palabras del Papa Francisco.  “Todo está interconectado”. Todos desean vivir en plena consonancia. En este sentido, el Carisma de la Unidad se constituye, en el contexto de las grandes guerras y disputas ideológicas, rescatando de la tradición cristiana la cultura del diálogo, la equidad, el cuidado y la cooperación, con el fin de restaurar la unidad en el mundo, en el más absoluto respeto a la diversidad y la pluralidad. El mundo vivido, sentido y comprendido como una sola comunidad global. 

III. CONTRIBUCIONES AL FORTALECIMIENTO DE LA ECONOMÍA DE COMUNIÓN 

A partir de esta espiritualidad y carisma, en 1991, nació en Brasil la Economía de Comunión, un movimiento cultural y económico que busca articular y movilizar a personas y organizaciones por la causa de la reducción de la pobreza y las desigualdades sociales, llamándolas a construir un sistema económico más justo, inclusivo y regenerador. Para ello, articula sus acciones en torno a tres pilares: 

● Fomentar el emprendimiento con el fin de generar impacto social; 

● Superar las vulnerabilidades socioeconómicas; 

● Cambio cultural. 

La Economía de Comunión asume que es necesario cambiar la cultura económica, impregnándola de valores, como la búsqueda de la equidad en todas sus dimensiones, la prosperidad compartida, la innovación social y el compromiso con las soluciones. Este proceso debe ser liderado por personas y organizaciones. 

Concretamente, ¿cómo podemos formar parte de la Economía de Comunión? ¿Cómo pueden nuestras escuelas y comunidades educativas contribuir al crecimiento y la difusión de esta nueva cultura económica? 

Juntos, podemos seguir el camino propuesto para las organizaciones y personas que deseen ser protagonistas de una Economía de Comunión. ¡Veamos! 

PRIMER PASO: ¿Qué es ser una organización de la Economía de Comunión? 

1.   Se consideran organizaciones de la Economía de Comunión las empresas, las estructuras formales con personalidad jurídica, los movimientos y las estructuras informales que eligen conscientemente actuar y vivir para la reducción de la pobreza y las desigualdades, comprometiéndose con esta causa, que se convierte en uno de los objetivos centrales de la organización. 

2. Las organizaciones de la Economía de Comunión se comprometen a trabajar por los siguientes Objetivos de Desarrollo Sostenible: erradicación de la pobreza, reducción de las desigualdades, trabajo decente y crecimiento económico, alianzas y medios de implementación. 

3.  Las organizaciones de la Economía de Comunión adoptan una gestión interna basada en una cultura del cuidado, la equidad, la cooperación y el diálogo, centrada en las personas y las relaciones, basada en los valores de la organización. 

4.  Se comprometen a generar un triple impacto: social, ecológico y financiero. Se comprometen a medir su impacto a través de la difusión de una cultura de equidad, cuidado, cooperación y diálogo.       

SEGUNDO PASO 

Al decidir convertirse en una organización de la Economía de Comunión, se invita a sus líderes y colaboradores a adoptar los siguientes postulados éticos

1. Conciencia sistémica: formamos parte de una única comunidad global; 

2. Conciencia personal: somos privilegiados en el acceso a los recursos y bienes materiales, así que queremos hacer algo para mejorar nosotros mismos con recursos, salud, tiempo y/o conocimientos; 

3. Conciencia social: junto a nosotros identificamos a personas, iguales a nosotros, pertenecientes a esta comunidad global, en un estado de profunda vulnerabilidad; 

4.  Vocación: se nos llama a ser agentes de transformación en la causa de la reducción de la pobreza y la desigualdad; 

5.  Acción: decidimos compartir nuestros recursos (dinero, capacidades, ideas, tiempo y trabajo) para generar más recursos y compartir, disminuyendo las dimensiones de la pobreza de estas personas y comunidades que reconocemos como nuestras. 

Estos dos pasos pueden generar una cultura organizativa y pedagógica de Economía de Comunión, implicando a profesores, colaboradores, gestores y alumnos en un proceso de cambio sistémico lento, decidido y profundo. 

TERCER PASO 

Para que estos propósitos se conviertan en sistemas institucionales concretos, para hacer realidad el compromiso con la causa de la reducción de la pobreza, la organización debe asumir alguna de las siguientes pautas: 

1.  Crear oportunidades de trabajo específicas para personas en situación de vulnerabilidad; 

2. Crear canales de ingresos (productos o servicios) destinados a generar recursos para compartirlos con personas o grupos vulnerables de forma continua y recurrente; 

3.  Proporcionar servicios y/o productos a precios asequibles a personas y comunidades vulnerables, como becas, descuentos especiales, etc.; 

4.  Destinar recursos, ganados libremente, independientemente de las ganancias o pérdidas, para permitir iniciativas y/o proyectos comprometidos con la reducción de la pobreza en la comunidad circundante y/o gestionadas por organizaciones de la sociedad civil. 

Las escuelas y las comunidades pedagógicas pueden elegir cuál de las directrices adoptar, de acuerdo con su contexto, asumiendo un compromiso concreto para construir una sociedad con mayor equidad y acceso a la educación para las personas desfavorecidas. 

No obstante estos importantes pasos concretos, entendemos que la principal contribución que pueden ofrecer las escuelas y comunidades pedagógicas es la formación educativa de sus estudiantes, alumnos, colaboradores, profesores y equipos directivos hacia una cultura de la equidad, el diálogo, la cooperación y el cuidado, ofreciendo jornadas de florecimiento humano y educación empresarial desde esta nueva perspectiva cultural. 

Emprender es el acto de tomar la propia vida en las manos, poniéndola al servicio del mundo. Todos estamos convocados a hacerlo y la Economía de Comunión puede ser un poderoso instrumento para ayudarnos en esta causa. 

La pedagogía para una Economía de Comunión es una pedagogía para un mundo mejor. En la perspectiva de estos movimientos económicos y culturales, la Economía de Comunión y la Economía de Francisco, surge una nueva visión de la persona, de las relaciones y de la vida humana, fundamentada en una Ecología Integral. 

Se trata de nuevas formas de entender y vivir, que requieren de nosotros un trabajo que implica mente, corazón y manos, según palabras del Papa Francisco. 

Hermana Maria Inês Vieira Ribeiro 

Brasilia, 9 de junio de 2021. 

Colaboración en la elaboración del texto: Maria Helena Ferreira Fonseca Faller 

ANPECOM – Asociación Nacional para una Economía de Comunión 

Nota: Esta Asociación puede apoyarnos concretamente en este camino de crecimiento y expansión educativa y cultural, ayudando, incluso en la creación de procesos educativos de emprendimiento dentro de nuestros planes de estudio. 

Irmã Maria Inês Ribeiro 

É religiosa da congregação das Irmãs Mensageiras do Amor Divino desde dezembro de 1969. Possui diversos cursos de extensão universitária nas áreas humanas, bíblicas, teológicas e pastorais. Atualmente é presidente da CRB NACIONAL – Conferência dos Religiosos do Brasil) – 3º Triênio – Desde 2013. Este ano,foi nomeada pelo Papa a Consultora da Congregação para os institutos da Vida Consagrada e das Sociedades da Cida Apostólica – por cinco anos. 

O que achou dessa matéria?

O que achou dessa matéria?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

mais recentes
Notícias
Dia das Mães: 3 maneiras criativas de surpreendê-la e criar memórias inesquecíveis 
Família
Como ajudar meu filho a fazer amigos? Descubra aqui!
Como ajudar meu filho a fazer amigos? Descubra aqui!
Família
Doenças respiratórias em crianças: 6 principais e como evitar no inverno!
Doenças respiratórias em crianças: 6 principais e como evitar no inverno!
Professor
Formação continuada de professores: entenda mais sobre o assunto!
Formação continuada de professores: entenda mais sobre o assunto!

Olá! Que bom ter você conosco! :)

O Conteúdo Aberto oferece gratuitamente conteúdos com curadoria pedagógica para estudantes, escolas e famílias.
Para ter acesso aos melhores conteúdos, efetue seu login ou cadastro:

Olá! Que bom ter você conosco! :)

O Conteúdo Aberto oferece gratuitamente conteúdos com curadoria pedagógica para estudantes, escolas e famílias.
Para ter acesso aos melhores conteúdos, efetue seu login ou cadastro:

Olá! Que bom ter você conosco! :)

O Conteúdo Aberto oferece gratuitamente conteúdos com curadoria pedagógica para estudantes, escolas e famílias.
Para ter acesso aos melhores conteúdos, efetue seu login ou cadastro: