entrar nas Escolas, uma das saidas
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Entrar nas Escolas, uma das Saídas

Por FTD Educação

Estimativa de leitura: 7min 15seg

14 de março de 2022

É preciso incluir diferentes modalidades esportivas, compreender seus benefícios e a importância de estarem presentes nos espaços de aprendizagem 

Com clubes falidos, prefeituras sem recursos  para  investir  em  projetos  esportivos,  escolinhas  atuando  principalmente  com  futebol, descartando outras modalidades, a  escola  básica  é  hoje  um  dos  únicos  espaços  para  o  fortalecimento  do  esporte,  sem  contar,  é  claro,  a  valorização  da  formação  superior  em  educação  física. Segundo Alcides José Scaglia, livre-docente em pedagogia do esporte pela Universidade Estadual de  Campinas  (Unicamp),  se  há  um  espaço  para  se  conhecer diferentes modalidades esportivas, é dentro da escola, na aula de educação física.

“Se não discutir o esporte nas aulas de educação física, onde ele será estudado?”, instiga Scaglia. Ele defende que é na escola que a criança pode ter acesso democrático e facilitador.

“Todas as questões que envolvem o esporte, desde o doping, abusos sexuais, abusos morais, até virtudes dos jogadores, ou seja, aspectos positivos e negativos, precisam ser debatidos pelo professor de educação física, que é a pessoa mais competente para falar sobre isso”, assegura.

O aluno conhecerá diversas modalidades esportivas, porém, algumas não serão ressignificadas, porque a escola não oferece essa condição, esclarece Scaglia, que é licenciado e bacharel em educação física pela Unicamp. “Um exemplo clássico é o polo aquático”, continua o especialista, que expõe que não são todas as instituições de ensino que oportunizam incorporar essa modalidade. Mas José Scaglia defende que o aluno precisa conhecer o esporte, para assim questionar a necessidade de criação de projetos de polo aquático e de outras modalidades. “Por que eu não posso aprender a nadar com o polo aquático ao invés de aprender a nadar com a natação?”, prossegue.

Pesquisas mostram que os pais procuram aulas de natação para seus filhos não para que sejam atletas, e sim para que aprendam a nadar e não corram riscos de se afogar. Scaglia, que desenvolve projetos e pesquisas sobre educação física escolar, reflete sobre o motivo desse anseio não poder ser feito numa aula de polo aquático, já que a criança adora aprender a se locomover na água, mas não aprecia necessariamente executar os movimentos técnicos da natação.

“Quando isso não é questionado, por mais óbvio que pareça, nunca teremos um aluno que se tornará um adulto e pai, e que poderá demandar a existência desses espaços para a aprendizagem de outras modalidades”, arremata.

O grande desafio metodológico do ensino do esporte na escola, nas aulas de educação física, é proporcionar aos alunos a possibilidade de conhecer, contextualizar e ressignificar diversas modalidades esportivas, desenvolvendo em cada uma aquilo que é possível, explica o livre-docente. “Dessa forma eu posso aprender atletismo na escola sem ter pista de atletismo. Posso aprender esgrima sem ter equipamentos oficiais de esgrima, deduz. Nesse sentido, Michele Pergher, master franqueada da Little Kickers Brasil e graduada em educação física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), afirma oferecer o maior programa de futebol com inglês do mundo com o propósito de agregar valor à escola, como um diferencial competitivo, atraindo pais e alunos.

A Little Kickers conta com uma metodologia própria chamada “play not push” (jogar sem empurrar) que foi desenvolvida por especialistas da Federação Inglesa de Futebol e da Universidade de Cambridge, onde o futebol é aplicado como ferramenta de ensino. “Nas aulas trabalhamos  a  criatividade,  autonomia,  o  desenvolvimento motor, físico, psicológico, social, matemático, a resiliência, persistência e conhecimento do mundo. O inglês acaba sendo trabalhado nas aulas de forma incidental”, detalha Michele Pergher.

Em harmonia com os conceitos de José Scaglia, a Little Kickers também entende que a escola não é lugar para ensinar regras oficiais e rígidas e formar atletas profissionais, pois essa prática limita o aprendizado. O ensino do esporte na escola, seja nas aulas de educação física ou em projetos esportivos, auxilia na formação humana das pessoas, elevando, inclusive, a autoestima. “Queremos dar uma base positiva do esporte para as crianças dentro da escola, para que elas sigam levando isso pra vida”, exibe Pergher, que atua há mais de 15 anos com esporte e educação.

Scaglia concorda, afirmando que uma boa relação com  o  esporte  na  infância  garantirá  uma  convivência  saudável ao longo da vida e isso inevitavelmente trará uma melhoria para a saúde das pessoas.

A  Little  Kickers  atua  em  300  escolas  no  Brasil  como  parte da grade curricular, alinhada aos projetos que são estudados  na  sala  de  aula.  Com  mais  de  50  temas  para  projetos  que  se  adaptam  facilmente  aos  propósitos  escolares, há parceria com a coordenação e os professores.

“O core do nosso programa é utilizar o futebol como  ferramenta  de  ensino,  o  inglês  é  a  cereja  do  bolo”, desfruta Pergher.

Há cerca de 20 anos, José Scaglia defende uma metodologia chamada pedagogia do jogo, em que todos os conteúdos da educação física escolar são tratados dessa forma, como um jogo. Nesse trabalho, as regras rígidas da modalidade esportiva são manipuladas para aproximar ou distanciar-se de um determinado esporte, como exemplos, o futebol, o vôlei e o atletismo. O futebol é ensinado a partir de uma família de jogos de bolas com os pés que ajudam no desenvolvimento dessas competências. Essa metodologia se encontra no livro que Scaglia lançou em 2003: Educação como prática corporal (ed. Scipione), hoje uma referência nacional, presente em todos os concursos públicos, item do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), chegando a todas as escolas públicas.

Na corda bamba, só quem dança se equilibra

Transpondo os proveitos e a  magnitude  do  esporte  como  condutor  da  educação,  encontra-se  na  dança um instrumental poderoso, uma vez que ela trabalha a criatividade, a desinibição e a autoconfiança nos alunos, destaca Paula Castro, fundadora do Ballet Paula  Castro,  com  mais  de  43  anos  de  tradição.  Com três unidades em São Paulo, o Ballet Paula Castro, que é o representante oficial da Escuela Nacional de Ballet de la República de Cuba (ENBC) no Brasil, também cuida das áreas de dança de grandes escolas regulares participando de todo o calendário festivo. Embora o estudo do ballet nas escolas parceiras também se estenda aos meninos, há grande receptividade do público masculino nas aulas de hip hop – vale lembrar que a modalidade estará presente nas próximas Olimpíadas.

“É muito pouco só ensinar a dança como técnica, o que eu quero é trabalhar com as crianças, ensinando-as a se tornarem pessoas melhores, e ainda ensinar a dançar  bem”,  conta  Paula  Castro,  que  é  graduada  em  pedagogia  e  em  educação  física.  O  Ballet  Paula  Castro faz parte do período integral das escolas e também atua no contraturno das aulas.

“A arte, em geral, é a saída para que as pessoas possam  aflorar  a  sua  individualidade.  A dança  é  a  busca do equilíbrio, a luta contra a lei da gravidade e mais do que isto, potencializa a nossa sensibilidade e nossa expressão”, salienta.

“Educar através da dança”, slogan de sua escola, a fundadora explica o que é educar a criança: “É fazer com que ela cresça respeitando seus limites, respeitando seu corpo, sabendo se posicionar dentro da sala de aula em relação  às  outras  crianças,  desenvolvendo  a  segurança  e  a  criatividade, sendo mais atenta e segura”, finaliza.


Artigo originalmente publicado na Revista Educação  – Setembro de 2021

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