Os encontros acadêmicos de literatura infantil de 2023 serão marcados por um grande tema: a crise ecológica mundial. Do congresso organizado pela IRSCL (International Research Society of Children’s Literature) às chamadas de publicações em journals especializados (como o da ChLA – Children’s Literature Association), discutir ecologia, sustentabilidade, cultura e infância tornou-se urgente.
As chamadas seguem uma agenda global de olhar para o planeta de maneira mais responsável e no intuito de formar adultos mais sensíveis diante de uma situação que, hoje, já é limite. As chamadas para artigos e apresentação de trabalhos nos congressos visa estimular a produção acadêmica sobre a importância de recolocar o ser humano dentro do espectro de Natureza, sob a ótica da literatura infantil. Termos como “ecologias da infância” (ecologies of childhood) e “alfabetização do meio ambiente) (environmental literacy) surgem com força nos fóruns dedicados ao tema.
Como primeiro impacto, podemos até pensar que o tema sempre foi tratado na literatura infantil – por que, então, esse destaque agora para algo tão óbvio? O que a comunidade da literatura infantil quer trazer é um novo paradigma de abordagem sobre o tema. Ainda que necessários, livros que falam sobre a reciclagem e economia de água domésticas, aparentemente não são mais suficientes para sensibilizar os leitores sobre os reais problemas que suas gerações enfrentarão. Não apenas do ponto de vista da ação — formar adultos engajados –, mas aprofundar o tema: como ser criança em um mundo escasso de recursos naturais. Além disso, torna-se também necessário entender os povos de origens (como as culturas indígenas) participantes desse grande ecossistema e respeitar seus territórios e vivências como parte da preservação ambiental global.
Este mês de junho, marcado pela luta em defesa do meio ambiente, nos convida a pensarmos como temos engajado nossas crianças e jovens nessa discussão capital. A literatura certamente é esse veículo potente de diálogo entre gerações. Nesse sentido, o Clique Literário dedica-se ao tema, apresentando obras da FTD Educação sobre ecologia, especialmente Mapinguari, uma publicação em parceria com a WWF Brasil.
As pessoas dizem que as próximas gerações não viverão no mundo em que conhecemos. Torço para que de fato seja assim: que vivam em um mundo melhor.
Isabel Lopes Coelho publisher de Literatura na FTD Educação. É também autora da obra A representação da criança na literatura infantojuvenil (Ed. Perspectiva, 2020), fruto da sua tese de doutoramento em Teoria Literária e Literatura Comparada da Universidade de São Paulo (USP). Em 2012, recebeu o prêmio BOP – Best Children’s Publisher of the Year, concedido na Feira do Livro Infantil de Bolonha.
Coelho participa de eventos internacionais como convidada e palestrante, como o Salon du Livre et de la Presse Jeunesse (Montreuil, Fança, 2006 e 2012), o Minimondi (Parma, Itália, 2007), o I Encuentro Latinoamericano de Editores de Libros para Niños e Jóvenes (Bogotá, Colômbia, 2009), o FIL Rights Exchange Programm (Guadalajara, México, 2017), o Rendez-vous de Québec Éditions (Montréal, Canadá, 2018) e Sharjah Book Conference (Sharja, Emirados Árabes, 2019). Participou do Programme Courants du Monde (Paris, França, 2012) e foi bolsista no Fellowship da Internationale Jugendbibliothek (Munique,Alemanha,2015).
A publisher também ministra cursos e palestras sobre literatura infantil e sobre o livro ilustrado
