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Educação financeira é matemática financeira?

Por Carolina Ligocki

Estimativa de leitura: 4min 8seg

11 de setembro de 2020

Você já se perguntou se Economistas, Contadores, Matemáticos ou Gerentes de bancos estão endividados ou têm dificuldades para gerir o próprio dinheiro?

Conhecer o desequilíbrio financeiro de pessoas com acesso a informações, conhecimento matemático e alta renda foi MUITO chocante e intrigante para nós. Descobrimos, há mais de 20 anos, que, infelizmente, esses fatores não garantem uma vida financeira próspera e sustentável. A explicação para essa aparente incoerência vem das Ciências Comportamentais que demonstram por meio de estudos e experimentos que, na prática, apenas 5% das decisões tomadas pelos humanos são lógicas e racionais, somos influenciados pelo contexto, comportamento do grupo, estereótipos…

Então, que tipo de educação financeira é possível e eficaz? Como é possível melhorar os nossos resultados financeiros? A resposta que temos encontrado é: transformando a forma como pensamos sobre nós mesmos e o mundo, desenvolvendo algumas habilidades e usando “estímulos” que nos ajudem a agir rumo aos nossos objetivos e valores.

Ao tratar de dinheiro a sensação é sempre de algo difícil, mas, na verdade, descobrimos que pode ser incrivelmente simples e como os novos hábitos começam a melhorar rapidamente várias áreas da nossa vida, passa a ser muito recompensador. Não pelo dinheiro em si, mas porque melhora a nossa saúde, o bem-estar, os relacionamentos ficam mais leves, o dia a dia e os desafios ficam menos pesados. Como o dinheiro está presente em muitas áreas da vida, os problemas financeiros não ficam no compartimento do dinheiro. Os desafios financeiros vão transbordando e atrapalhando várias outras áreas. Quantas brigas e desentendimentos na família você já teve ou presenciou por questões financeiras? Quantas noites de sono você perdeu? Quanta insegurança você sentiu?

É incrível como negligenciando o dinheiro, acabamos ficando “escravos” dele, e ao dominá-lo, nos libertamos! Porque o dinheiro é apenas um dos recursos que temos à nossa disposição, é uma moeda de troca, mas na prática parece ser algo muito maior. Precisamos saber como gerar dinheiro a partir das nossas habilidades e da nossa dedicação de tempo, mas isso não resolve os problemas. Você já viu pessoas que ganharam milhões e perderam tudo?

Para nós, tudo mudou de perspectiva, quando conseguimos perceber o “fluxo de dinheiro” na nossa vida, passamos a observar de onde ele vem e para onde ele vai a cada decisão, começamos a contabilizar os custos para se ter dinheiro, pensar em tudo o que estamos abrindo mão e realizando. Além disso, passamos a perceber os impactos pessoais, familiares, sociais e ambientais gerados a partir desse uso diário, desse fluxo.

A sensação é de termos colocado um novo óculos, com lentes capazes de desmistificar paradigmas e preconceitos e abrir o horizonte para enxergar novas possibilidades para o uso estratégico do dinheiro, isso ampliou o nosso olhar. Passamos a questionar a aquisição da casa própria como o primeiro imóvel na vida de uma pessoa, o valor imobilizado em um carro e a forma de utilizar crédito. Ficou explícita a necessidade de fazer o dinheiro trabalhar para nós, não fazia sentido transformar nosso tempo em dinheiro e somente comprar coisas que tiram dinheiro do nosso bolso, passamos a comprar coisas que também colocam dinheiro nele. A relação com os desperdícios mudou, afinal de contas, desperdiçar dinheiro passou a ser sentido como desperdício de tempo de vida, que não volta mais.

Sem dúvida, assim como a matemática está presente em tudo ao nosso redor, a matemática financeira é necessária e útil para fazer as operações, comparar grandezas, dividir custos, somar as despesas, raciocinar propostas e projetar possibilidades. Inclusive, nas escolas, temos visto que ensinar a matemática financeira a partir de experiências práticas da gestão do dinheiro em aulas de educação financeira, contribui para que o conteúdo se torne mais atrativo e significativo para os estudantes.

Mas é essencial termos consciência das fragilidades e limitações humanas nos processos decisórios, que vêm sendo mapeadas e, além disso, conseguir ter uma visão mais ampla dos impactos de cada decisão ao aplicar todo e qualquer conhecimento de matemática financeira. Afinal de contas, pode ser melhor economicamente utilizar ingredientes de má qualidade, mão de obra escrava, fazer com que as pessoas tenham um tempo de vida mais curto, reduzindo custos com previdência e tratamentos de saúde, mas os impactos de tudo isso precisam “falar mais alto” e ter um peso maior no comportamento dos indivíduos.

É esse uso do dinheiro mais ético, responsável e sustentável que pretendemos construir a partir da educação financeira comportamental. Convido você a conhecer mais sobre o assunto, mergulhar nessa jornada e fazer parte dessa transformação!

Carolina Ligocki

Carolina Ligocki, autora e diretora da Oficina das Finanças. Nasceu em 1974. É bióloga, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, autora e empresária. Atua, juntamente com o marido, Leonardo Silva, desde 1999, no desenvolvimento do método dos 6Gs, que estimula comportamentos financeiros sustentáveis, na Oficina das Finanças. Uma de suas paixões é impactar positivamente a vida das pessoas com conteúdos e estratégias inovadoras a respeito desse assunto. É autora de mais de doze livros de educação financeira comportamental para crianças, jovens e adultos, e que já atingem mais 100.000 pessoas em todo o Brasil.

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