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Quando começar a Educação Financeira das crianças?

Por Carolina Ligocki

Estimativa de leitura: 3min 35seg

3 de agosto de 2020

Sabendo das incertezas do futuro, as pessoas estão sentindo “na pele” a falta que faz não ter tomado melhores decisões financeiras no passado, e surge a necessidade de rapidamente entender e dominar o dinheiro e começar a ensinar, o quando antes, as crianças e os jovens a lidarem melhor com os recursos que têm para viabilizar a qualidade de vida.

Enfrentar desafios tendo o dinheiro garantido acaba sendo sempre melhor do que sem ele. Quem está passando pela pandemia sem a necessidade de se preocupar com o dinheiro, já tem mais tranquilidade e opções para superar esse momento, por mais que o dinheiro não garanta tudo.

Mas aí vem a pergunta, quando começar a educação financeira das crianças? Uma Educação capaz de ajudá-las a resistir às pressões de consumo, entender o valor do dinheiro, a necessidade de planejar gastos e evitar os desperdícios. E, além disso, contribuir para que usem o dinheiro de forma ética e colaborativa.

Como mãe e educadora, tenho vivenciado diferentes etapas e aprendido muito no processo de educação financeira das crianças e jovens, podendo experimentar vários estímulos e observar os comportamentos. Para quem tem crianças por perto, é comum experimentar momentos de birra e espetáculos em lojas, comparações com as aquisições de amigos, chantagens, consumo excessivo de doces e bobagens com o próprio dinheiro…

Costumo dizer que o momento ideal para começar a educação financeira é quando a criança começa a se interessar pelos consumos e passa a pedir coisas. Mesmo antes de entender números e quantidades, é possível ensinar os comportamentos tão fundamentais para quem quer ter uma relação saudável e sustentável com o dinheiro. Por exemplo:

  • Saber esperar é fundamental e a criança pode ser estimulada a esperar não recebendo tudo o tempo todo no momento em que demanda, seja atenção, um alimento, uma brincadeira.
  • Organização é outra habilidade que pode ser praticada em família em diferentes momentos de lazer, arrumação do quarto e das tarefas da escola.
  • Planejamento pode ser trabalhado com a criança desde a preparação de uma receita de bolo, de um piquenique, de uma festinha de aniversário…
  • Listar desejos pode ser praticado criando registro de tudo o que a criança começa a pedir. Ao invés de dizer “é muito caro”, “não tenho dinheiro”, “você já tem um monte de brinquedos”, você pode incentivar que ela organize em uma lista tudo o que ela quer, para que possa ir se organizando, pensando em estratégias para realizar, possa avaliar se é realmente um desejo válido e consiga definir prioridades.
  • Definir prioridades é fundamental e quando as crianças vão crescendo é possível ir mostrando as opções que ela tem, fazendo comparações do tipo, com o dinheiro necessário para comprar esse caderno, você poderia comprar 3 cadernos daqueles ou essas canetinhas. O que você prefere?
  • Gerir os recursos percebendo a quantidade e a finitude, pode ser praticada com o estabelecimento de alguns limites de tempo de uso de celulares, tablets e até mesmo, limitando a carga de energia elétrica desses aparelhos e videogames.

Mesmo antes de dar dinheiro às crianças, é possível fazer com que gerenciem o tempo de uso e vão se organizando e definindo prioridades.

Os comportamentos são mais importantes do que o conhecimento sobre matemática, juros e investimentos, para uma vida financeira leve e sustentável. Temos visto muita gente bem informada e com ótimos salários, com péssimos resultados financeiros e incapazes de usar esse dinheiro para viver bem.

É necessário, também, incentivar o autoconhecimento, o senso crítico, empatia, a capacidade de perceber os desejos e as necessidades pessoais e familiares, entender os impactos sociais e ambientais do consumo, e tudo isso permitirá o desenvolvimento de comportamentos fundamentais para uma vida mais autônoma, leve, responsável e sustentável.

É nosso desejo, como pais e educadores, que a próxima geração esteja melhor preparada para superar os desafios e aproveitar as oportunidades da vida. Para isso, a habilidade de usar bem o dinheiro, investir na educação financeira deles desde cedo, é fundamental.

Carolina Ligocki

Carolina Ligocki, autora e diretora da Oficina das Finanças. Nasceu em 1974. É bióloga, mãe, esposa, filha, irmã, amiga, autora e empresária. Atua, juntamente com o marido, Leonardo Silva, desde 1999, no desenvolvimento do método dos 6Gs, que estimula comportamentos financeiros sustentáveis, na Oficina das Finanças. Uma de suas paixões é impactar positivamente a vida das pessoas com conteúdos e estratégias inovadoras a respeito desse assunto. É autora de mais de doze livros de educação financeira comportamental para crianças, jovens e adultos, e que já atingem mais 100.000 pessoas em todo o Brasil.

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