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LER, CRIAR, BRINCAR (também em tempos de pandemia)

Por Telma Guimarães

Estimativa de leitura: 3min 7seg

10 de julho de 2020

Sempre gostei de ouvir e contar histórias. Ao ouvi-las, me imaginava nos lugares, como se fosse a personagem em questão. Acho que de tanto escutar essas histórias e de lê-las, decidi passar para o papel as que eu inventava também. Eu sempre me conectei com o lúdico, encontrando nas histórias inúmeras possibilidades. Nunca andei de bicicleta, mas, nos textos que escrevi, era exímia na bike. Se em algum momento da vida encontrei dificuldades, eu as colocava nas histórias, encontrando soluções aqui e ali, tanto para as personagens como para as minhas próprias. A diversão, pelo menos, era garantida. Além da diversão, encontro nas histórias esperança, uma conexão entre os familiares e amigos.

Nunca encarei leitura como uma tarefa chata, nem quando pequena. A criança precisa sentir prazer ao ler, o mesmo prazer que sente ao brincar, porque a leitura é lúdica.

As histórias, para mim, sempre vieram (como ainda vêm) através de várias formas, vários canais. Uma história que ouvi, uma reportagem publicada no jornal, uma conversa, e até de um pedido. Por exemplo, o texto do Cadê o livro que estava aqui? surgiu de uma conversa e uma sugestão. Durante um almoço, um amigo perguntou: “Por que não escreve um texto partindo daquela parlenda ‘Cadê o toucinho que estava aqui?’” Terminamos o almoço, voltei para casa e comecei a escrever. A história é curta, como a parlenda. Reescrevi algumas vezes até que o texto ficasse redondo, fluido. No lugar do “toucinho”, coloquei “livro”. E se ele não estava ali, alguém o pegara. Mas quem? O cachorro, claro. E eles saíram correndo para pegar quem? Um gato, com certeza! E ele só podia ir atrás de um rato. E assim a história fluiu, sem muita dificuldade (o que nem sempre acontece!) Faltavam as imagens, que precisavam ser bem coloridas. E foram, na escolha de uma ilustradora maravilhosa, que é Jana Glatt.

Com o livro na mão, posso construir outros personagens para esse mesmo texto, uma joaninha, um caracol, uma menina, a madrinha, o padrinho. Também posso mudar o título e o final. E que tal representar com outras ilustrações? Ao contar, então, invento vozes diferentes, faço sons, imito o cachorro, o gato, o passarinho, uma capa nova para o livro.

Nesses tempos de pandemia, em casa, a imaginação não fica de máscara e nem trancada. Ela voa, sabe? Entra em todos os lugares, sem pedir licença, nem precisa passar por higienização. Criatividade todo mundo tem? Não, mas a gente dá um jeito. Pesquisa, segue o instinto, lê, faz vozes, bate na mesa imitando batidas do Lobo Mau, faz voz fina, voz grossa, refaz o livro de tantas formas que nem o autor imaginaria.

Nesses tempos de confinamento, leia e invente. Crie. Brinque. E mande uma foto do que criou, inventou. Não tem coisa que eu mais goste de receber do que isso… Esses momentos em que você para tudo e se lança para os braços da criatividade com as crianças. Aliás, a redescubra em você. Criatividade tem braços? Sim, e pernas, rabos e pelos. Pode ter penas também, se for o caso. Você decide!

Bem-vindo ao mundo das histórias! Com certeza, a criança que existe em você (e também aquela de quem você cuida) guardará esses momentos na memória para sempre. E essa mesma criança vai fazer o mesmo com as que virão. E o mundo se tornará melhor com tantas leituras, tanta criatividade e compartilhamento.

Telma Guimarães

Telma Guimarães nasceu em Marília-SP. Aluna de intercâmbio nos Estados Unidos, formada em Letras Vernáculas e Inglês pela Unesp, Marília, Professora concursada da Rede Estadual de Ensino de SP, lecionou por muitos anos em Campinas. Recebeu da APCA (Associação de Críticos de Arte de SP) o título de Melhor Autora, em 1989, pelo livro Mago Bitu, Edições Loyola.
É autora de livros infantis, juvenis, bilíngues, dicionário bilíngue e livros didáticos de Ensino Religioso e de Inglês. 
Pela FTD Educação, publicou recentemente o livro infantil Cadê o livro que estava aqui?, com ilustrações de Jana Glatt, BichodárioNumeródromo, e os juvenis Infância roubada, coautoria com Júlio Emílio Braz, Meu avô & euSegredos de agenda, Quem vai pra cozinha?
A autora mora em Campinas-SP. 

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